Guerra e Governo, Governo e Soldado


Tracei um paralelo ao ler A Desobediência Civil do Henry David Thoreau e ouvir a letra de Soldados do Legião Urbana.

Só mais uma reflexão oriunda do tempo de viagem nos ônibus da vida.


- Trecho da letra de Soldados:


Nossas meninas estão longe daqui
Não temos com quem chorar e nem pra onde ir
Se lembra quando era só brincadeira
Fingir ser soldado a tarde inteira?
Mas agora a coragem que temos no coração
Parece medo da morte mas não era então
Tenho medo de lhe dizer o que eu quero tanto
Tenho medo e eu sei por quê:
Estamos esperando.
Quem é o inimigo?
Quem é você?
Nos defendemos tanto tanto sem saber
Porque lutar.

Somos soldados
Pedindo esmola
E a gente não queria lutar.


-Trecho retirado de A Desobediência Civil:


“Um resultado comum e natural do indevido respeito pela lei é que se pode ver uma fila de soldados – coronel, capitão, cabo, soldados rasos, etc. – marchando em direção á guerra em ordem admirável através de morros e vales, contra suas vontades, ah! Contra suas consciências e seu bom senso, o que torna essa marcha bastante difícil, na verdade, e produz uma palpitação no coração. Eles não têm dúvida alguma de que estão envolvidos numa atividade condenável, pois todos têm inclinações pacíficas. Então, o que são eles? Homens ou pequenos fortes e paióis a serviço de algum homem inescrupuloso no poder? Visitem o arsenal da Marinha e contemplem um fuzileiro naval, alguém que o governo americano pode fazer ou que um homem pode fazer com sua magia negra – uma mera sombra e reminiscência de humanidade, um homem amortalhado em vida, de pé, mas já sepultado em armas com acompanhamento fúnebre, pode-se dizer, embora também possa ocorrer que:

‘Não se ouviu nenhum tambor, nenhuma nota funeral,

Enquanto levávamos seu corpo para a trincheira final;

Nem salva de adeus disparada por nenhum soldado

Sobre a tumba em que nosso herói foi enterrado.’


Um texto de 1849, de Thoreau, ainda hoje pode ser aplicado no nosso dia a dia. Ainda nas guerras, ainda a doação de si para o governo.


Comentários

.:.A Luciana.:. disse…
Ouso fazer os seguintes questionamentos, ilustríssimo colega... kkkkkkkk

Renato Russo foi soldado?
Se envolveu em alguma guerra militar (não vamos contar as outras guerras emocionais/psicológicas que ele enfrentou)?
O que sabe ele sobre uma guerra, sobre um exército e sobre a vontade de um soldado de defender (ou não) sua nação ou seu propósito?
Ele mesmo não se atirou na defesa de seus propósitos? Se lançou a uma guerra que ele escolheu fazer?

E ainda pergunto, Thoreau também esteve envolvido em guerras? Ao menos ele foi um dos soldados marchando para a guerra para saber o que se passa no coração deles?

Ain, Bond... tá... Não vá achar que sou a favor da guerra. E olha que tem alguns casos em que eu mesma tenho vontade de pegar numa arma e acabar com tudo (vide minha questão pessoal com o PY kkkk). Mas faço esses questionamentos porque nós, civis, temos a nossa idéia do que é uma guerra. Não somos soldados e nem sabemos o que realmente um soldado sente.

O soldado fica no exército por livre e espontânea vontade, não é? Se ele está lá por livre e espontânea vontade, é porque ele acredita na política que rege o exército de seu país, alguns mais bélicos que os outros.

Por exemplo... acho que um soldado norte-americano ou de algum país islâmico - sempre envolvidos em guerras, tem outra visão, bem mais bélica, de guerra do que um soldado brasileiro, cuja cultura é de base pacifista.

Ah... enfim... Não é que Thoreau e o Renato Russo não tenham o direito de dar a opinião deles sobre a guerra... Mas daí a falar pelos soldados e pelo que se passa em seus corações não seria como cair na tal hipocrisia tão criticada por nós?

Beijo, Bond.
Gosto muito de "discutir" com você.
.:.A Luciana.:. disse…
Vou comentar aqui, porque naõ sei se você olha os comentários em posts antigos:

Sobre a propaganda: é a poluição visual, né. Quando o governo da cidade de SP fez alguma coisa pra diminuir essa poluição visual (e lavagem cerebrail), o que aconteceu? Foi ridicularizado.

Puta que pariu, a Lara Croft tá lindooooooooona nesse novo jogo dela, que gráfico é esse? Puta que pariu, caraio! Tá... eu sei porque você se interessou pela cena. Não exatamente pela cena, mas pelo ÂNGULO da cena.

Tomb Raider foi e sempre será um dos meus jogos favoritos, mas não rola de jogar no pc. Um dia, quando eu for rica e tiver um duplex no maior prédio do centro da minha cidade, vou mandar fazer um home theater gigante na minha casa e instalar todos os consoles de video game possíveis. E vou ter todos as sequências de Tomb Raider e Resident Evil. E Super Mario. Não ri!
Dan Silva disse…
Bom, Lu, e eu você?

Fomos alguma vez a guerra?
Marchamos alguma vez nos campos e terras?

Eu considero seu ponto de vista, e concordo contigo, só a gente vivenciando mesmo a situação pra poder ter uma idéia mais real da situação.

Eu só achei interessante a coincidência entre os pensamentos na música do Legião e o texto do Thoreau.

Eu coloquei mais meu ponto de vista pessoal na escolha da imagem pro post. Por que nela mostra que o soldado nem sempre pode ser e pensar da forma como foi mostrado nos textos.
Dan Silva disse…
Pois é, Lu, quanto a poluição visual, isso prova que é a minoria ainda que tem esse ponto de vista, rsrs.

Pode postar em outros posts sim que eu leio, a não ser que poste em coisa de 3, 4 meses atrás, kkkkkkk.

Tomb Raider sempre foi uma das séries de games que mais curti, Lu, kkkkkkk só tem coisas boas nos jogos. A Lara então, foi a escolha ideal, kkkkkkkkkk. Aqui eu jogo na minha tv humilde de 21 polegadas, mas ela me atende bem. Um dia pretendo também criar um cômodo em minha casa só pra colocar pc, som, tv gigante e video games, tudo interligado, com qualidade de video e som digna de cinema, kkkk, meu sonho. E eu curto Mario também, Lu, kkkkk, até hoje jogo Mario Kart no pc de vez enquando, kkkkkkkkkkkkk.
Não gosto muito de generalizações, embora eu generalize bastante as vezes.

Esse trecho do "Desobediência Civil" faz parecer que os soldados são seres cuja a mente foi lavada. Imbecilizados.

Uma coisa que um intelectual nunca vai conseguir entender é que o militar precisa cumprir ordens onde questiona-la pode ser um tempo perdido crucial em uma guerra e que no final pode custar a sua vida e de seu pelotão.

Eu não sou soldado, nunca tive aspirações em ser. Mas entendo um pouco de estratégia e da noção hierarquia.

Ela é rigida por um bom motivo.

Sobre a letra do Renato, vou desconsiderar, já que ela foi composta por um punk que vivia na capital do pais em pleno regime militar. Não serve de parâmetro para mim.

O Brasil nunca teve uma guerra de fato, alias eu acho que isso foi um mal grave, pois nos países que tiveram de lutar por sua liberdade ou sua soberania a população é muito mais consciente e orgulhosa de si do que a sociedade cu na mão brasileira.

Enfim eu não sou um pacifista, embora não seja um soldado. Mas teorias pacifistas e etc... empregadas a um pais que mal tem 20 anos que saiu de um regime militar e que nunca lutou por merda alguma em sua história a não ser contra farrapos e outras guerras ridiculas soam como revanchismo.

Embora o "Desobediencia Civil" seja bem mais antigo.

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