Caras durões escrevem poesia (Parte 1)
Nesse post, trago uma entrevista com um dos escritores que gosto mais, dos que já li até hoje. Sua vida e sua maneira de ver muitos assuntos me abriu muitos campos de visão diferentes dos que eu tinha.
Censura é uma coisa que não existe para Charles Bukowski.
Sua maneira de falar é extremamente direta, curta e grossa; mas, ao mesmo tempo tem uma veia irônica, sarcástica e ácida além do limite ético e moral.
Muitos o criticam, o odeiam, o chamam de vulgar e sem conteúdo. São inúmeras as críticas. Ele é do tipo que se ama ou se odeia. Não existe meio termo.
Sei que ao tornar disponível aqui a leitura dessa entrevista, poderei estar tornando o velho Buk alvo do ódio e desprezo de mais pessoas, especialmente de mulheres que são sensíveis à questão do machismo.
Não me importo, cada um é livre pra concordar ou não com qualquer coisa da vida.
Só espero que consiga, com essa entrevista, deixar mais claro o acervo de idéias do Buk, para os que já o conhecem e o apreciam e também para os que querem o conhecer e ler seus romances, poemas e contos.
Devido ao tamanho da entrevista, a dividi em várias partes que serão postadas aqui separadamente.
Caras durões escrevem poesia (Parte 1)
Charles Bukowski por Sean Penn
Bukowski nasceu em Andernach, Alemanha, em 1920. Com três anos foi trazido para os EUA e cresceu
Na época da entrevista Buk estava com 66 anos e morava
Sean Penn estava gravando um filme na época, onde o enredo tinha a ver com o estilo de vida de Buk e seus personagens. Devido a isso foi ele o entrevistador, pesquisando mais profundamente sobre o dono das idéias vivenciadas em seu filme, o grande Buk.
Sobre bares:
Eu não fico tanto em bares como antes. Tirei isso do meu sistema. Agora, quando eu entro num bar, eu quase vomito. Eu já vi muitos deles, é simplesmente muito para mim – isso é para quando você é jovem, sabe, quando você gosta de desafiar algum cara, bancar o macho de merda – tentar catar umas minas – na minha idade eu não preciso mais de tudo isso. Hoje em dia só entro em bares para mijar. Foram muitos anos vivendo
Sobre álcool:
O álcool provavelmente é uma das melhores coisas que surgiram na Terra – junto comigo. Sim... essas são as duas melhores coisas que surgiram na superfície da Terra. Então, nós nos damos bem. É altamente destrutivo para a maioria das pessoas. Eu sou só um de fora desse grupo. Todas as minhas obras mais criativas eu faço enquanto estou chapadão. Até com mulheres, sabe, eu sempre fui meio reticente ao transar, então o álcool permite que eu seja mais livre, fique mais a vontade. É um alívio, por que eu sou basicamente um cara tímido, fechado, e o álcool deixa que eu seja esse herói, atravessando o espaço e o tempo, fazendo todas essas coisas ousadas... Por isso, eu gosto... yeah!
Sobre fumar:
Eu gosto de fumar. O fumo e o álcool contrabalançam um ao outro. Eu costumava acordar de ressaca, sabe, e aí você fuma tanto, suas mãos ficam amarelas, como se você tivesse usando luvas... quase marrons... e você diz, “Que merda, como meus pulmões devem estar? Jesus!”
Sobre lutas:
O melhor sentimento é quando você dá porrada num cara que tava na cara que você não conseguiria. Entrei nessa uma vez, um cara estava me desrespeitando demais. Eu falei “Ok, vamos lá”. Ele não foi um problema – o derrotei facilmente. Estava deitado lá, no chão. Tinha o nariz sangrando e tal. Falou: “Jesus, você se move devagar, cara. Eu pensei que ia ser fácil – a maldita da luta começou – eu não conseguia mais ver suas mãos, caralho, você foi muito rápido. O que aconteceu?” Eu falei, “Não sei cara, é assim que as coisas funcionam.” Você guarda. Guarda pro momento certo.
Meu gato, Beeker, é um lutador. Ele se ferra um pouco ás vezes, mas ele é sempre o vencedor. Eu o ensinei tudo, sabe... guiar com a esquerda, acertar a direita.
(fim da parte 1)
Comentários
Você me irritou mais com esse comentário machista do que com a entrevista do Bukowski! huahuauha
Tá cada vez melhor seu blog Dan!
:*
brigado =****