Azincourt - Bernard Cornwell
Recentemente terminei uma leitura que veio se prolongando devido a falta de tempo que aumentou muito nas últimas semanas. E essa leitura foi de Azincourt, de Bernard Cornwell, livro que retrata a batalha de Azincourt, que aconteceu no dia 25 de outubro de 1415, dia de São Crispim.
O livro mostra a vida de um arqueiro inglês, Nicholas Hook, personagem que viu e vivenciou todos os terrores e "glórias" da famosa batalha contra a França na localidade de Azincourt. Com grande maestria em detalhes, Cornwell retrata desde o cenário anterior ao que se configura a batalha de Azincourt, começando com o massacre infeliz em Soissons, em 1414, e terminando na batalha de Azincourt em si.
Excepcional a pesquisa realizada por Cornwell sobre os costumes e armamentos da época. É muito rica a descrição em detalhes sobre as armas, tais como: arco e flecha, maça, acha d'armas e armaduras diversas. São particularidades, pormenores que tornam o livro mais rico de informações sobre a época ainda.
O que achei interessante também, e evitando dar spoilers da história, foi a maneira como Cornwell mostra a vida naquela época, e ainda em cenários bélicos. A visão do confronto delineada vai de um simples camponês à visão do rei da Inglaterra, o Henrique V. Muitos eram "colocados" em meio a uma situação de vida ou morte iminente sem nem saber exatamente o porquê daquele conflito. Em situações precárias ao extremo, em meio a sujeira, dejetos, doenças, violência e sangue, o ser humano sobrevivia.
Fica claro também como o psicológico humano funciona em situações extremas, com influências enormes de religiosidade. Nos momentos de terror, de medo, tudo se passa pela nossa mente: amores, arrependimentos, crenças religiosas e rancores. Vastos são os sentimentos que sentimos, nós, seres humanos. E, baseado em tudo isso, na vontade de viver, na crença de que algo é possível, daí surge a força maior do homem para vencer todas as adversidades. Daí vem as forças hercúleas, necessárias, instintivas, para sobrevivência.
O sentimento humano é bem retratado nesse livro, talvez por isso hoje em dia nos identifiquemos tanto com muitos aspectos da história. A tecnologia avança, muda conceitos, rotinas e facilita caminhos, mas o sentimento humano, na raiz mais profunda de sua origem, permanece o mesmo. E, é através dessa raiz que conseguimos nos identificar, nos enxergar como seres atemporais, viventes de todas as épocas e eras.
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